A vulnerabilidade do líder é sinal de fraqueza? Entenda!

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A gente sempre escuta que, para ser líder, devemos deixar certas características e emoções de lado, sendo que, na verdade, deveríamos aprender a usá-las a nosso favor. A vulnerabilidade é um ótimo exemplo disso.

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O líder vulnerável

Líderes vulneráveis sabem como se expor na dúvida, reconhecem a forma como compartilhar adversidades e pedem ajuda para desenvolver soluções

A gente sempre escuta que, para ser líder, devemos deixar certas características e emoções de lado, sendo que, na verdade, deveríamos aprender a usá-las a nosso favor. A vulnerabilidade é um ótimo exemplo disso.

Estava lendo um texto sobre isso na Forbes, que menciona algumas reflexões de Brené Brown, uma das grandes especialistas no tema. Ela define que “vulnerabilidade é incerteza, risco e manifestação de emoções”. O artigo continua com uma sacada genial:

“Se você trocar a palavra ‘vulnerabilidade’ por ‘liderança’, essa seria uma boa definição também”.

Ou seja, liderar significa estar diante do incerto, da mesma forma que significa lidar com riscos e mostrar emoções, justamente por estarmos constantemente num lugar de interação com pessoas.

Mas percebo que o mundo corporativo muitas vezes acaba levando a gente a distorcer algumas questões, como a própria exigência de inteligência emocional. Essa é uma das habilidades mais necessárias da atualidade, mas que muitos interpretam justamente como um controle das emoções quase robótico.

É como interpretar equivocadamente que quem é inteligente emocionalmente consegue disfarçar alguma emoção considerada frágil, de forma a parecer profissionalmente “mais aceito”.

Ora, se a tecnologia já está assumindo muitas de nossas antigas funções, logo, é de se esperar que líderes tenham justamente a capacidade de lidar com tudo aquilo que esteja dentro das questões humanas, inclusive a nossa vulnerabilidade. Ter inteligência emocional é saber como ser vulnerável.

Ser vulnerável requer coragem

Já compartilhei uma frase de Valter Hugo Mãe no meu Instagram e deixo aqui para vocês:

“A coragem tem falhas sérias aqui e acolá. E nós, que não somos de modo algum feitos de ferro, falhamos talvez demasiado, o que nem por isso nos torna covardes, apenas os mesmos de sempre.”

Sermos “os mesmos de sempre” é reconhecer que, como pessoas, seja qual for o cargo que ocupamos, carregaremos conosco toda a bagagem emocional. Isso pode variar bastante conforme a cultura da empresa e a própria cultura da cidade em questão, claro.

Mas o que quero dizer é que, seja qual for o contexto, cada gestor carrega algum nível de vulnerabilidade e pode fazer disso um ponto muito positivo na relação com a equipe. Isto é, líderes vulneráveis são aqueles que sabem como se expor na dúvida, reconhecem a forma como compartilhar adversidades, sabem ouvir e pedem ajuda para desenvolver soluções.

E que essas aberturas entre líder e liderado sejam utilizadas para impulsionar a energia para conseguir os resultados. Aceitar que as pessoas são vulneráveis não é motivo para os gestores então passarem a mão na cabeça das pessoas, acomodando-se com as falhas. Sem vitimismo.

A ideia é usar a comunicação adequada para ouvir, entender, apoiar e ajudar que as pessoas consigam os objetivos, apesar dos obstáculos e vulnerabilidades.

E cabe ao gestor reconhecer também os limites de cada relação. Considerando que cada pessoa tem demandas e reações diferentes à liderança, gestores precisam ser flexíveis a ponto de entender a melhor forma de comunicar e liderar cada colaborador.

Mas duas características que devem comuns a todos num ambiente de liderança é a transparência e a confiança. E, nesse ponto, a vulnerabilidade precisa sempre fazer parte.

Todo líder quer demonstrar coragem e incentivar o time a se desenvolver, correr riscos para chegar a resultados cada vez mais satisfatórios. Mas percebo também que grandes momentos de liderança acontecem quando o líder é capaz de demonstrar seu desconhecimento, fragilidade e humildade na tomada de decisões, sem perder a visão no resultado.

Ou seja, não é o fim do mundo o gestor às vezes dizer que não sabe, mas que vai buscar o caminho e a resposta. Não é o fim do mundo o gestor reconhecer que errou e ajustar o caminho para outro rumo. O que é comunicado da forma correta, pode ajudar a criar vínculo e energia.

Ser vulnerável não é ser despreparado

Quando falo sobre o gestor mostrar desconhecimento, não podemos confundir com falta de capacidade para liderança. Explico melhor.

A gestão de pessoas é um caminho sempre em construção, que requer estudo e prática. É por isso que ser promovido a um cargo de liderança não torna ninguém imediatamente um líder. Em muitas das vezes, o gestor “chega lá” e só então vai – ou ao menos deve – trabalhar e desenvolver suas habilidades.

Mas líderes despreparados e líderes vulneráveis são dois cenários bem diferentes. O despreparo é remediado a partir de estudo e experiência, como já falei. Já a vulnerabilidade é uma característica que se mantém em nós, seja qual for o nível de gestão em que nos encontramos na carreira.

O que quero dizer com líder vulnerável é que é natural sentirmos isso ao longo da carreira, termos receio de onde pisamos e dificuldade para arriscar sem antes compartilhar o que estamos sentindo.

Porém, aceitar que somos vulneráveis, em vez de nos tornar covardes, nos faz mais propensos a buscar o autodesenvolvimento e muito mais abertos a realmente desempenhar um trabalho em equipe onde haja complementaridade de competências.

Líderes existem como uma espécie de “curadoria” do trabalho, um direcionamento. Mas nada disso é feito sem uma relação interpessoal verdadeira.

Fonte: Administradores

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